quinta-feira, maio 27, 2004

miaaaaaauuuuuuuu

esta já é nossa



André Carrilho

quarta-feira, maio 26, 2004

continuo a preferir o original



Hieronymus Bosch

o inferno ardeu

"Hell", dos manos Jake e Dinos Chapman ardeu. Confesso que sempre gostei do universo delirante destes dois irmãos.
Num exercício de autofagia o inferno foi consumido pelas chamas, perde-se uma versão actualizada do inferno de Bosch.

vai começar a demanda do Santo Graal


se houvesse degraus na terra

"Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.

Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.

Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã."

Herberto Helder

pseudo-patriotismo

Este refrão não me sai da cabeça. Não estou tocado pelo euro-patriotismo. Sinto que a pátria é algo mais do que uma bandeira vendida num hipermercado com a cara do Figo. Depois da euro-euforia voltaremos a dar sentido a este refrão.

"I've been dreaming of a time when
to be English is not to be baneful
to be standing by the flag, not feeling shameful
racist or racial"

Morrissey, "Irish blood, english heart"

Olá Princesa


Ciência e religião não passaram os séculos em conflito. Pelo contrário. Quem o garante são os autores de "Assim na Terra como no Céu", Clara Pinto Correia e José Pedro Sousa Dias. Os dois universos, científico e religioso, "Estiveram sempre associados", até à ruptura do século XIX.
Este será o arranque para uma das conversas mais animadas do ciclo literário “Entre Pedras, Palavras”, no próximo Sábado às 15, em Penafiel no futuro museu municipal.
Nem é preciso fazer o convite!

terça-feira, maio 25, 2004

hoje e amanhã o meu peito andará assim

que querem... deu-me para a nostalgia

segunda-feira, maio 24, 2004

palavras de Angola

Há dois escritores que este ano, para meu desgosto, não estão presentes no programa do ciclo literário "Entre Pedras, Palavras": José Eduardo Agualusa e Ondjaki.
São duas das vozes, em português, de que mais gosto.
O José Eduardo Agualusa descobri-o em Moçambique, pelas mãos da Patrícia.
Uma noite na ilha da Inhaca e as fronteiras perderam-se comigo. Os relatos de uma Angola tão incrível, como incrível era o país que todos os dias ía conhecendo. Um livro que nos dá vontade de arrancar de mochila às costas pelos trilhos da "Baía dos Tigres".


Há 15 dias voltei ao universo de Agualusa com "O vendedor de passados", um romance que António Lobo Antunes já garantiu ser um dos melhores que leu, nos últimos tempos largos, em português. Há romances que são como fotografias, este é um romance como um flash. Uma luz intensa, breve e que cega. Cega o suficiente para acreditarmos que é possível comprar um passado.


Ondjaki é um caso diferente chegou-me às mãos através do Zeferino Coelho, numa longa conversa em Lisboa: "leve este, é um rapaz novo mas muito bom. leia e diga-me alguma coisa".
O assobiador é um romance delicioso. Um fio de música a ecoar em cada página. Uma promessa....


...que estou morto por confirmar neste "Quantas madrugadas tem a noite".


sexta-feira, maio 21, 2004

el enano en la botella III



Não se esqueçam! É amanhã no CCC, em Penafiel.

o casamento à espanhola

Amanhã temos o famoso casamento. O casamento à espanhola. Como é que no meio de tanta reportagem ainda ninguém se lembrou de entrevistar o padrinho.... Afinal de contas é à espanhola ou não é?

quinta-feira, maio 20, 2004

prémio Camões

O galardão premeia a prosa de Agustina. Celebro o momento com poesia. Opções.

garras dos sentidos

"Não quero cantar amores,
Amores são passos perdidos,
São frios raios solares,
Verdes garras dos sentidos.

São cavalos corredores
Com asas de ferro e chumbo,
Caídos nas águas fundas,
não quero cantar amores.

Paraísos proibidos,
Contentamentos injustos,
Feliz adversidade,
Amores são passos perdidos.

São demências dos olhares,
Alegre festa de pranto,
São furor obediente,
São frios raios solares.

Dá má sorte defendidos
Os homens de bom juízo
Têm nas mãos prodigiosas
Verdes garras dos sentidos.

Não quero cantar amores
Nem falar dos seus motivos."

Agustina Bessa-Luís

ainda o Amor

"A minha dor é que eu comecei a amar-te sem o saber, durante aquele breve período de tempo em que sair de casa era a promessa reconfortante de ver-te e falar contigo. Eu não sabia, repito, mas o tempo ajudou-me a definir essa pequena dor, tão secretamente pavorosa: cada vez que estou contigo (cada vez mais, meu amor, cada vez mais) é como se a minha vida se virasse do avesso. E é verdade, é cada vez mais verdade, que, quando penso nas coisas que ainda me falta fazer na vida, é em ti que eu penso."

in "Amor", António Mega Ferreira, Assírio e Alvim, 2002

a tarde de sábado

"Sobre este dia precipitem as manhãs
E multipliquem os pássaros que cantam
E completo o Outono venha
Folhas e folhas aspergindo a última respiração das coisas sobre a minha
Respiração
E todos os meus anos juntos se festejem de uma só vez e eu morra
Agora
E sobre este dia todos os dias
Desçam
Como inúmeras águas sobre uma gota de sangue"

Daniel Faria

evocação de Daniel Faria

Este fim de semana o ciclo literário "Entre Pedras, Palavras" fará uma evocação da obra do poeta valsousense Daniel Faria.
Conhecido e reconhecido no universo literário e entre os amantes de poesia, Daniel Faria é ainda, infelizmente, um quase desconhecido na terra que o viu nascer.
Sàbado com a ajuda da professora universitária (Literatura Portuguesa), Vera Vouga, do crítico literário, Eduardo Prado Coelho e do poeta e editor, Valter Hugo Mãe, tentaremos definir alguns contornos da obra, de um dos maiores poetas do final do século XX, princípio do século XXI.
Esta evocação servirá ainda para apresentar o Prémio Daniel Faria - Câmara Municipal de Penafiel. Um galardão anual que premiará uma obra inédita de um autor com idade igual ou inferior a 35 anos.

pode começar com um beijo

"...aquele beijo durou mais, e foi mais longe, do que todas as horas que tínhamos passado juntos, porque ainda hoje o recordo, com a mesma perturbante intensidade, com uma nitidez que faz recuar para uma espécie de penumbra o seu rosto e as mãos, os olhos e os lábios."

in "Amor", António Mega Ferreira, Assírio e Alvim, 2002

Prémio LER em Penafiel

O escritor Gonçalo M. Tavares vai estar em Penafiel, no ciclo literário "Entre Pedras, Palavras", no dia 5 de Junho. Uma tarde de sábado ensolarado.
O que em baixo se reproduz é só mais um aliciante. Um detalhe mais para uma conversa com um dos mais interessantes jovens escritores portugueses.

"O escritor Gonçalo M. Tavares foi galardoado com o Prémio LER/Millennium BCP pela obra "Jerusalém", anunciou ontem à noite a organização.
...
A obra "Jerusalém" foi escolhida entre 149 candidatos por ser "uma obra que, do ponto de vista narrativo, é muito bem dominada e extremamente actual", disse Mafalda Lopes da Costa, directora da revista "Ler" e presidente do júri. "Actual e universal, num domínio claro das técnicas da narrativa, 'Jerusalém', de Gonçalo M. Tavares, convida à reflexão e transporta para a ficção as bases de um ensaio", justificou o júri em comunicado."


in Público, Joana Gorjão Henriques, 2004

El enano en la botella II



É Sábado, às 21.30, mais coisa menos coisa, no CCC, em Penafiel

do amor ao exagero

"Tu sabes que eu nunca conto uma história duas vezes da mesma maneira. Mas quererá isso dizer que estou a mentir?"

in "Amor", António Mega Ferreira, Assíro e Alvim, 2002

quarta-feira, maio 19, 2004

El enano en la botella

Este fim de semana temos teatro cubano com a companhia Teatro de La Luna. É às 21.30, mais coisa menos coisa, no Clube de Convívio e Cultura (CCC).



uma imagem do espectáculo "El enano en la botella" de Abilio Estévez

entre raios, tiros e jaboticabas

Sábado passamos uma bela noite com as provocaçãos de Serafim Ponte Grande, um belíssimo café concerto pelo ENTREtanto TEATRO, de Júnior Sampaio.

"Fatigado
Das minhas viagens pela terra
De camelo e táxi
Te procuro
Caminho de casa
Nas estrelas
Costas atmosféricas do Brasil
Costas sensuais
Para vos fornicar
Como um pai bigodudo de Portugal
Nos azuis do clina
Ao solem nostrum
Entre raios, tiros e jaboticabas."

in Serafim Ponte Grande, Oswald de Andrade, 1933

outra vez a imprensa local

A imprensa local no Vale do Sousa está a bater no fundo. Em termos financeiros e em termos de vergonha na cara.

A selecção deles....



Enquanto a selecção nacional for deles, não será a minha selecção!


sexta-feira, maio 14, 2004

quando...

"Quando aqueles que chegavam
olhavam os que partiam
os que partiam choravam
os que ficavam sorriam"

Mário Cesariny, Manual de Prestidigitação, 1923

Ok! Eles até podem nem escrever muito bem, mas jogam à bola que se fartam


aaah... estamos a falar de futebol...

"Amigos Penafidelenses:

O Mundo não seria o que é hoje, Penafiel não seria o que é hoje, se a roda da vida apenas se movesse às ordens de banqueiros, doutores, engenheiros... Felizmente!!!

Assim, todos estamos convocados para sermos felizes a partir do que cada um é... e é muito!!! Basta descobri-lo. É a partir do melhor de nós mesmos e dessa maravilhosa oportunidade de sermos livres mas solidários, que queremos erguer a bandeira do Futebol Clube de Penafiel!!!"

in mensagem do presidente do Futebol Clube de Penafiel

Com os pés

O texto que aqui se transcreve é só um naco da apresentação da cidade de Penafiel no site do Futebol Clube de Penafiel.
Apesar dos erros até nem está mal para algo escrito com os pés...

"Inserido no Douro Litoral, a 30 Km do Porto tem, a Norte, o Rio Sousa e os cocelhos de Lousada e amarante, a Nascente o concelho de Marco de Canavezes e o rio Tâmega, a Sul, o rio Douro e os concelhos de Gondomar e Paredese fianalmente, a Poente ainda o mesmo concelho de Paredes e novamente bo rio Sousa.
O Concelho de Penafiel abrange uma área de cerca de 240 quilometros quadrados. A Sua altitude máxima é de 556 metros, na serra da Lagoa, a nascente, e a minima de quatro metros, n aponte velha de Entre-os-Rios, sobre o Douro. É uma região cheia de luz clara e saudavel do lindo sol de Portugal. Ares púrissimos quer nas montanhas, em que a região é abundante, quer nos vales amenos e encostas. Encostas Vestidas de Pinhais umbrosos e arom,áticos e vales cobertos de vegetação de uma policromia encantadora, do verede-escuro fos milheirais, cortados pela fita alvacenta das estradas que se cruzam em todas as direcções, onde o brilho ptareado dos regatos e, longe a longe, no cêrro de algum monte mais elevado e ermo, o alvejar das ermidas, recortando-se no fundo azul, marcam a paisagem."

programa das festas

Este fim-de-semana há mais teatro, no Festafidélis.
O Festival de Teatro de Penafiel recebe o Entretanto Teatro, de Valongo. "Serafim Ponte Grande" é um café-concerto baseado na obra de Oswald de Andrade (1890-1954).
Durante mais de uma hora vamos assistir, no Bar do Lago em Penafiel, às aventuras de Serafim por Portugal, Espanha, França, Egipto,....
Lá para as 10 da noite o Serafim deve entrar no bar para contar as suas aventuras, a entrada é livre.
Durante a tarde há mais conversa em volta dos livros, Pedro Baptista é o convidado do "Entre Pedras, Palavras", para falar do "Cavaleiro Azul".
É às três da tarde na biblioteca municipal de Penafiel.

porque não começamos por mudar o Manel...



quinta-feira, maio 13, 2004

quero...

"queria de ti um país de bondade e de bruma
queria de ti o mar de uma rosa de espuma"

Mário Cesariny, Manual de Prestidigitação, 1923

Um fim de dia na Sibéria



Hoje há encontro marcado com Corto Maltese algures na Sibéria

Brasil expulsa correspondente do New York Times

Se fosse correspondente do NYT haveria muita freguesia onde estaria proibido de por os pés!

quarta-feira, maio 12, 2004

Resumo do último mês

Os últimos 30 dias foram marcados por uma agenda muito recheada.
O ciclo literário recebeu a visita:
José Luís Peixoto...e das suas fãs
Frederico Lourenço e Vasco Graça Moura...e seus clássicos
Richard Zimler...e das histórias da comunidade judia
Fernando Campos...e o Portugal do "antigamente"
O Festival de Teatro de Penafiel - Festafidélis, que este ano programei, arrancou com uma casa cheia na freguesia de Novelas.
O jornal Fórum do Vale do Sousa já rola a todo o vapor e vai começando a marcar a diferença, num meio em que a imprensa local andas pelas ruas da amargura, de tão maltratada que é por quem nela manda.
Os próximos tempos serão igualmente animados. Ainda vamos receber a Clara Pinto Correira e o Gonçalo M. Tavares. Vamos lançar o Prémio Daniel Faria, para jovens poetas até aos 35 anos.
Muita coisa para tão pouco tempo

Bloguistas envergonhadas

A Maria do "Eu e os outros" apareceu, há cerca de um mês, na sessão inaugural do ciclo literário que deu nome a este blog.
Não apareceu sozinha, esgueirou-se por entre os presentes até bem perto da mesa, onde José Saramago apresentava o seu "Ensaio sobre a Lucidez".
Como apareceu, também desapareceu...ela e o "outro".
Mas há mais sessões do ciclo literário à espera que ela apareça e se deixe ficar para um café e dois ou três posts ao vivo.

os comentários

Como tinha prometido os comentários estão de regresso, desta feita estão imunes a declarações que manifestem falta de um mínimo de bom senso.
Apareçam e digam de vossa justiça.

por menor

Às vezes, mas só às vezes, gostava de habitar um tempo, em que o Tempo fosse medido com tempo



um pormenor de Penafiel, por mim mesmo

de mar

Sim. Assumo. Os meus dias estão tingidos de um azul profundo.

(marítimo, como tu gostas)

Cara nova

Depois de mais de um mês de silêncio com que cara é que podia aparecer?