quinta-feira, novembro 13, 2003

Amante

Quando podias viajar na perfeita curva das
minhas asas,
não quiseste ver o sol,
nem a primeira estrela do amor,
não quiseste plantar no céu
um azul mais intenso e uma flor,
não quiseste fazer da pálida face da
nuvem
uma cálida alcova para a interminável
noite dos amantes.
Hoje,
as tuas lágrimas caíram sobre a terra,
disseste três vezes o meu nome,
e na perfeita curva das minhas asas brancas
iniciaste o teu sono eterno.

José Agostinho Baptista, in Anjos Caídos