segunda-feira, março 15, 2004

Mulheres e política

No espaço de 24 horas, Ana Gomes e Marcelo Rebelo de Sousa reclamaram por mais participação das mulheres na política, indo ao extremo de adiantar os 40% de mulheres nos órgãos políticos e listas eleitorais.
Eu sou contra.
Considero que a participação não se decreta, nem se define por quotas.
A participação feminina deve ser conquistada e merecida, contrariando o mau princípio de que as mulheres devem ter lugares só por serem mulheres.
Ora vejamos a participação feminina na Assembleia Municipal de Penafiel. A bancada socialista leva de longe vantagem no número de mulheres eleitas, enquanto a bancada da coligação tem uma muito reduzida participação feminina. Mas será que essa presença na assembleia se traduz em intervenções? Infelizmente não.
A maioria das senhoras eleitas raramente participa nos debates. Tomemos por exemplo a deputada da CDU que é literalmente abafada pelo camara de bancada.
Na coligação repete-se o cenário.
No PS o panorama melhora um pouco, no entanto a maioria das deputadas é capaz de atravessar todo o mandato sem abrir a boca.
Eu sei que dirão que há muitos deputados homens que não abrem a boca, mas é por isso mesmo que as poucas mulheres eleitas deviam mostrar serviço, só assim serão reconhecidas na hora de elaborar as listas eleitorais.
Enquanto utilizarem o género como argumento e a apurada sensibilidade como trunfo, para um melhor desempenho, as mulheres continuarão a ter um papel marginal na política local, nacional e internacional.
Nao é afirmando que o conflito israelo-palestiniano já estaria resolvido, se as mulheres ocupassem um maior número de cargos de topo na política internacional, que se faz valer a paridade. Muito menos dizendo que a sensibilidade, que dizem possuir, era suficiente para arrancar um par de beijos de Ariel Sharon, nas bochechas de Yasser Arafat.
Nas telenovelas é capaz de resultar, mas em política nem tudo termina com um feliz casamento.