quarta-feira, março 31, 2004

Provocações

Esta semana, a propósito do lançamento de um novo jornal no Vale do Sousa (de que falarei mais adiante), discutia com um amigo de ofício sobre a tonalidade do que aqui se escreve. Diz ele que não é possível dizer que os autarcas são maus, que nem tudo vai mal no "reino da Dinamarca", que a provocação não é de todo o melhor caminho a seguir. A prudência e o voto de confiança no bom senso das figuras deverá marcar o discurso.
Com dois exemplos provei-lhe o erro e demonstrei a falta de visão de vários senhores das edilidades.
Quanto ao estilo mais ou menos provocatório deixo aqui um naco de prosa de João Pereira Coutinho.

"Um provocador contesta as coisas de que desgosta com os valores de que mais gosta. É isso que perturba num provocador: o facto dele demolir o que existe com a certeza do que possui. Um provocador é honesto: pensa o que diz e diz o que pensa. Porque não pode ser de outra forma. É como é. Um provocador não é um revolucionário. Mas um reaccionário. No sentido mais puro e mais belo do termo: porque reage à provocação. Com sinceridade. Um provocador é aquele que reage às provocações, provocando. Um provocador só existe porque existem outros provocadores que provocam o mundo e, logo, o provocam a ele. Um provocador ataca para não ser atacado. Magoa para não ser magoado. Diz as verdades para não ser enganado."