terça-feira, fevereiro 03, 2004

Entre Luzim e o Bronx

Antes de qualquer outra coisa, quero pedir desculpa por ter tido uma atitude mais relaxada para com este blog, e que acabou por se manifestar numa menor produção de posts.
Ainda assim os leitores manifestaram-se e foram deixando as suas impressões sobre um espaço muito particular. Um espaço feito das mesmas contradições e desigualdades do resto lusa terra. Um espaço que para tantos tem o tamanho de Luzim e para outros respira ares de Nova York.
A questão que levantam dois dos visitantes do Entre Pedras prende-se com o facto de saber se Penafiel é uma cidade com massa crítica? e se ter essa massa crítica é positivo ou negativo?
Efectivamente Penafiel, no todo que é o Vale do Sousa, é a cidade com a mais lata massa crítica que conheço (e repito, que conheço).
E o que é que isso significa?
Nada.
Penafiel possui algumas das mais interessantes e regulares tertúlias de café que conheço. Quando digo tertúlias de café, falo de qualquer coisa que vai para além do rescaldo da jornada futebolística ou a vida alheia.
No entanto essa reflexão morre nesses pequenos grupúsculos e acaba por não produzir mudança na comunidade. É estéril. Nasce e morre dentro do grupo e não chega a conhecer a a luz do dia.
Há ainda uma enorme relutância em questionar abertamente o outro, a polémica é evitada a todo o custo e quando acaba por estalar vem embrulhada em insultos e asneiras.
Penafiel tem massa crítica para alimentar uma vivência social estimulante e participativa, basta que para tal se larguem algumas reverências bacocas e algum conformismo cinzentista.
É esta certeza que faz com que a cidade mantenha activamente uma óptima galeria de arte, um festival de teatro, uma bienal de arte contemporânea e um ciclo literário.
Pensem, reflictam, mas para variar dêem-nos conta disso, vamos gostar de ouvir e ler. E a blogosfera é aqui tão perto.