segunda-feira, março 28, 2005

acende os olhos



dizes que os teus olhos te desfocam a realidade, que vêem o mundo de uma forma baça e diluída. dizes porque não sabes que o destino deles é outro. os teus olhos são luzes de farol. os teus olhos não foram feitos para divisar a linha do horizonte. as luzes com que te guias, nasceram para desenhar fios de luz aos quais nos agarramos e com os quais nos salvas do naufrágio.
nasceste para viver lá no alto e onde quer que estejas será sempre para ti que olharemos.
és um eixo de luz e os teus braços luminosos abrem-se em redor para nos sentirmos a salvo.
o que dizes ser uma névoa pousada nos olhos, não é mais do que uma benesse. vês o mundo como uma enorme aguarela.
a sustentar-te há um enorme rochedo. um rigoroso colosso. a tua base é de pedra quente, aquela que acumula o calor do sol que vos doura. é essa base que desfaz os perigos que te rondam a tua frágil figura.
é assim que resistes aos fortes ventos que te batem, já que apagar-te é impossível.
continuaremos fascinados com a facilidade com que nos iluminas e unes, mas nunca nos esqueceremos que essa luz, que vive tão perto do céu, tem raízes de pedra presas ao chão.