terça-feira, abril 12, 2005

VOCÊ

queria escrever-TE com a ausência de distância da segunda pessoa do singular.
acreditei, até hoje, na cumplicidade das duas letras, TU. pressentia uma certa proximidade nesse tête-a-tête ortográfico.
mas há erros assim, o que separa a maioria, a nós une-nos. é para SI que guardo esta cerimoniosa abordagem. Um VOCÊ feito de quatro letras, tantas quantos os lados desta relação. porque somos quatro. não somos dois pares de TU’s. somos um imenso VOCÊ.
os nossos afectos, hoje mais do que nunca, conjugam-se nesta quadratura. não há geometria com dois lados, ninguém constrói com duas dimensões, com dois planos.
não é à toa que a mais perfeita das figuras é o quadrado, o único momento em que todos somos iguais com o mesmo tamanho, o mesmo peso, a mesma responsabilidade no equilíbrio do desenho.
há muitos anos que homem se debate com a necessidade de encontrar um quadrado com a mesma área de uma circunferência dada. chamaram a isso a quadratura do círculo. nós somos a solução, material, desse desafio. o equilíbrio das certezas equiláteras, com uma enorme dinâmica circular, fluida e feita de constantes retornos.
Somos uma impossibilidade geométrica, feita de equilíbrios instáveis e no entanto tão sólida.
hoje não troco, por nada, os quatro lados deste VOCÊ. Saboreio com prazer o ritual do “gosto muito de SI”, do “sirva-SE”, e do “sinto muito a VOSSA falta. tenho muitas saudades VOSSAS”.
VOCÊS são a minha conta certa.
Para quem há muito escolheu os amigos como uma fé, VOCÊS são a minha “SAGRADA FAMÍLIA”. E convenhamos ninguém trata o vosso “NOSSO SENHOR” por TU.