sábado, julho 26, 2003

Exportamos Avós

Hoje é o dia dos Avós. Para quem não sabe trata-se de uma invenção penafidelense, uma daquelas invenções que não tarda nada serão universais e toda a gente se esquecerá de onde ela partiu.
Ana Elisa é o nome da avó que, num acto quase "bloguista" ou "umbiguista", se lembrou que era menina para merecer um dia só dela, daqueles dias em que as televisões e os mimos correm todos na sua direcção. 16 anos depois aí está o Dia dos Avós com letra grande e "Praça da Alegria".
Nos jardins da igreja do Sameiro os avós de Penafiel juntaram-se para dançar um tango e uma valsa.
Olho para eles e assalta-me a dúvida: em que é que estes avós são diferentes dos outros?
Os avós do campo são muito mais saudáveis do que o avós da cidade. São rijos, levantam-se cedo, trabalham no duro e só param para dançar no dia dos avós e na feira de S. Martinho.
Os avós de Penafiel não passam o dia a roçar o rabo pelos bancos de jardim. Os avós de Penafiel tratam do campo, dão de comer às galinhas e ainda aturam a porcaria dos netos que não param quietos.
Os avós de Penafiel duram mais tempo, são alimentados a caldo de hortos e a galinhas da casa.
Os avós de Penafiel são definitivamente o que de melhor temos para exportar, são tão duros como o granito e tão frescos como o vinho verde.
Os avós de Penafiel vão fazer sempre parte do meu imaginário, eles são, para um ateu, a explicação do mundo e de tudo quanto ele encerra de inexplicável.
A minha avó, não sendo de Penafiel, guarda nela, com a força que as 8 décadas lhe reservaram, tudo quanto sou e ainda vou ser.