sexta-feira, julho 25, 2003

Sexta-feira...eles andam aí

Não é raro ler ou ouvir dizer que uma parte da nacional iliteracia se deve à comunicação social que temos.
Se em termos nacionais, aqui e acolá, a gramática é vítima de violência doméstica, no universo da imprensa regional é arrepiante o panorama.
Uma curta viagem pelo universo da profunda imprensa local é uma espécie de serão na feira popular, animado pelo Nicolau Breyner.
A noção de que a gramática é um país distante é constante.
Frases sem sujeito, sem verbo ou com atropelos às mais elementares regras de concordância são comuns.
Associada à deficiente utilização da língua portuguesa soma-se a manifesta dificuldade em destrinçar o que é passível de ser notícia e o que nunca na vida será notícia.
Considero que Portugal precisa de uma forte imprensa local, mas forte não significa pejada de títulos e quilos de papel.
Será possível que uma região com meio milhão de habitantes tenha quase uma vintena de títulos e nenhum deles de referência
É fundamental a redução do número de publicações. Na sua maioria os jornais locais possuem um universo demasiado residual e que deveria ser concentrado num projecto mais alargado.
Jornais locais que existem para dar corpo a projectos pessoais, com objectivos políticos ou sociais, são terrivelmente comuns. Sobrevivem ora com publicidade das autarquias, ora com os editais dos tribunais, porque o comércio e a indústria não vê nestes projectos uma forma credível de dar visibilidade aos seus produtos, nem lhes reconhece uma difusão alargada.
Os maus blogues já chegaram a Portugal há muito tempo, mas são de papel e distribuem-se nesse interior “desquecido e ostracizado”.
Está lá tudo: gente que acha que tem muito para dizer (mas ninguém a ouve), gente que se considera detentora de uma verdade insofismável e, sobretudo, um olhar cheio de vertigens ante a profundidade do umbigo.