domingo, julho 27, 2003

Tourada e Tradição: uma farpa.

Estamos a menos de um mês do arranque da Agrival, Feira Agrícola do Vale do Sousa, que leva já mais de uma vintena de anos de existência.
Entorpecida por ter habitado em casa alheia e sem condições para se mostrar, a exposição ganhou, com a transferência para o novíssimo pavilhão de feiras e exposições, um novo fôlego.
Prova disso foi o arranque de um ainda pequeno espaço de fruição gastronómica e o regresso da tourada a Penafiel.
O ano passado foi difícil vender a ideia de que a tourada era uma tradição com raízes em Penafiel, a autarquia empenhou-se em mostrar que a tourada se movia com à vontade por aquelas bandas.
Eu, aficcionado convicto e circunspecto, rejubilei com a ideia, Penafiel abraçava uma das mais nobres e bonitas tradições lusas, e mesmo que não tivesse a tradição da Moita ou do Montijo, enquanto naco de território português é também terra com tradição tauromáquica.
No dia da celebração taurina foram muitos os que ficaram do lado de fora da praça de touros com bilhete na mão e sem lugar para ver o espectáculo. Era gente para encher a praça duas vezes. E nem a meia dúzia de jovens de esquerda, que sistemáticamente se alheiam da actividade do concelho, e se manifestaram titubeantemente frente à praça refreou o ânimo da "aficción".
Perante este cenário, seria de esperar que este ano a festa brava marcasse presença em Penafiel. Mas não. Sem explicação até ao momento a anunciada tradição da tourada penafidelense morreu no segundo ano. Ao que sei será substituída por um Rodeo, um espectáculo tipicamente português.
"É a globalização, estúpido!", dirão alguns dos meus amigos, mas não me conformo com a morte da arena, com a negação da lusitanidade e uma estocada, na tão propalada, penafidelidade.
Há decisões que precisam de ser muito bem explicadas, esta é uma delas. A explicação que seja mesmo boa porque este derrote não se deixa enganar com verónicas e cincquelinas.