segunda-feira, setembro 29, 2003

Povo: os eleitos Vs os representantes

A propósito de um post intitulado "chá de autarca", o meu amigo Fernando Gaspar questiona, não a qualidade do eleito (que prontamente é identificado como um elemento deficitário em qualidades), mas sim, a qualidade do eleitor:

"De facto, é uma verdade nua e crua que a generalidade dos Autarcas do Vale do Sousa não são um grande exemplo de Qualidade. Mas pergunto eu:
quem os elegeu (e continua a eleger sucessivamente) terá alguma qualidade eleitoral?
Eu sei que são as vicissitudes da Democracia, mas é o que se pode arranjar."


Tenho que dizer que concordo com muito do pouco que o Fernando Gaspar aqui diz.
É um facto que em muitos concelhos o poder local foi o maior crime do pós-25 de Abril, mas também é um facto que cada concelho tem os autarcas que merece.
Colocado ante a escolha entre o eleito do povo e o representante do povo, prefiro o primeiro. E passo a explicar.
Há concelhos e cidades que me criam uma espécie de urticária, não pelas suas características endógenas, mas pelos indígenas que as habitam. Ainda assim, prefiro que esses autótocnes, com a estridência que lhes é habitual, se desloquem às urnas, do que se juntem e escolham um representante directo. Pois sempre que o fizeram lixaram-nos, para dizer o menos.
Porque será que os maiores torcionários sempre se apelidaram como representantes do Povo? Lenine, Estaline, Brejnev, Mao, Deng Chiao Ping, Fidel, Ceausescu, entre muitos outros constituem o "Hall of Fame" dos representantes do Povo.
Porque o Povo é assim mesmo, à primeira oportunidade, na primeira nesga de poder, sodomiza o parceiro e faz tábua rasa da sua antiga condição.
Vem nos livros, somos a única espécie que se mata por crueldade e prazer e nisso o Povo é exemplar.