segunda-feira, julho 28, 2003

Afinal sempre há debate

Depois de muitas tentativas lá consegui que alguém respondesse às minhas invectivas, um amigo, daqueles que por muito que nós não concordemos com quase tudo o que dizem, é do melhor que se pode encontrar na vida, disse de sua justiça:

"em relaçao à tourada acho que alguem tinha que dar explicações, se esta se viesse a
realizar, apenas tenho a acrescentar que foi a única vez que este executivo, não fazendo nada esteve em grande plano".

Jorge Baptista

Caro Jorge, sobre este assunto já nós discutimos o suficiente e já começamos a conhecer os argumentos de ambas as partes de trás para a frente. No entanto desta vez há mais do que uma simples tourada. Quando venho a terreiro defender uma tradição, e são poucas as vezes que o faço, luto com unhas e dentes pelo que considero ser um património importante para a definição do que somos como povo.
Assim o fez a autarquia, quando há um ano atrás pesquisou nos livros e documentos para garantir que a tourada tinha tradição no concelho. Digo desde já que a fundamentação nunca foi das mais forte, mas o amor à causa e à festa brava fez com que a realização de uma mão cheia de touradas no concelho em "1900 e troca o passo" se assomasse ao rol de argumentos já recolhidos.
Se me disserem que no alto da serra da estrela nunca se realizou uma tourada e por isso não há tradição, nada o impede de que ali se realize uma lide, estamos em Portugal e cá a tradição vai de Norte a Sul do país, ilhas inclusivé.
Defender com clara veemência a Festa e passado um ano fazer de conta que tal nunca existiu, não é sério. Como não será sério se a oposição vier reclamar por uma tourada, quando o ano passado tanto mal disse da iniciativa.
O Nuno Peixoto nunca poderá mudar o discurso e defender as lides. António França, depois de se ter deliciado a filmar as manifestações dos aficcionados que não puderam ver a lide, não pode reclamar a presença de João Moura e Ana Baptista.
Nem mesmo os jovenzinhos que tentaram realizar uma manifestação contra as touradas podem reclamar a vitória, porque a realização da tourada foi a única forma de os ver participar numa iniciativa penafidelense, que não meta malabarismos e cuspidores de fogo.
Para terminar, se a tourada fosse substituída por um enorme buraco, sempre ficaria no ar aquele imenso vazio que sente quando perdemos mais um pouco da nossa identidade. Mas não a Tourada foi substituída por um Rodeo, uma versão light e politicamente correcta da Festa Brava, onde em vez de touros há vacas e onde deveriam existir forcados, existem rapazes marcados pelo Bonanza e John Wayne.
Por isto tudo Jorge eu acho que todos nós, mesmo não gostando da Festa, merecíamos uma explicação.