terça-feira, agosto 05, 2003

Voltamos à tourada

Tal como previa a apresentação da Agrival trouxe as explicações necessárias à substituição da Tourada por um rodeo. Pela voz do vereador Jaime Neto fez-se ouvir uma justificação:

" Essa pergunta já tem sido feita por várias pessoas e já houve comentários pelo facto do ano passado ter havido contestação alegando que a tourada não era tradição em Penafiel à qual nós argumentamos que era fundamentado com a história passada com a realização de espectáculos tauromáquicos... Há aqui que distinguir tourada, no sentido clássico, e espectáculos com touros. O que existe em Penafiel, desde o século XIX, é tradição de espectáculos com touros.
Era nas aldeias que se faziam. A verdadeira tourada esteve cá instalada na década de 30, em que houve praça, até aí faziam-se vários modelos diferentes: algumas touradas à vara nas romarias, outras vezes eram os carros de cavalos que se juntava e fechavam e improvisavam as arenas, o rodeo é um pouco esse género e este ano optou-se por um rodeo por questões operacionais e porque há também alguma contenção a fazer nesta edição devido à recessão económica "

Ora vamos lá colocar um ponto final ou atirar umas achas para a fogueira nesta questão.
Sei que estou sozinho, ou pelo menos visivelmente sozinho, nesta luta, mas há bandeiras que não devemos deixar cair e se possível tentar erguê-las o mais alto possível, quanto mais sózinhos estivermos.
A tourada é uma dessas bandeiras. É um dos muitos temas em que discordo da quase totalidade de amigos que me rodeia, ainda assim sigo lutando.
Sem qualquer sentimento de acrimónia, quero desde já adiantar que não compro a explicação do Dr Jaime Neto. Custa-me a crer que por questões de ordem económica tenha sido suprimida a tourada.
Se a corrida teve lotação esgotada, se os portadores de bilhete não couberam todos na praça (tendo inclusive a organização sido forçada a devolver o valor dos ingressos), como é que é possível afirmar que foi por questões de ordem económica que foi suprimida a corrida.
Se o espectáculo do ano passado deu prejuízo, então foi porque os bilhetes emitidos não garantiam os gastos com a corrida.
Se assim foi, a organização devia assumir que os bilhetes deviam ser mais caros para tornar o espectáculo sustentável. Acho que as autarquias não devem ser um guarda-chuva que abrigue tudo quanto é manifestação cultural deficitária. Quem quer ver um espectáculo deve pagar o que vê, regra que se deve aplicar à tourada, teatro e afins.
Para a próxima que organizem um destes eventos cobrem o que tiverem que cobrar para que exista sustentabilidade.
Se os preços forem demasiado altos e não houver público que o sustente, serei o primeiro a dizer acabem com a tourada. Em tempo de crise há luxos que dispenso bem. Mas só no dia em que me provarem que a tourada não é sustentável.