quarta-feira, julho 30, 2003

A Albarda

Desafiados, os amigos, começam a responder. Desta vez é o José Vinha, jornalista do Comércio do Porto mas acima de tudo pirata radiofónico elevado à condição cooperador.
Habituado a estas coisas da cooperação lá enviou uma análise aos mamarrachos e mamarrachistas:

A propósito de mamarrachos penafidelenses, estou, globalmente, de acordo com a tua observação, mas continuo a defender o princípio de que se houver imaginação, uma rotunda ou um mamarracho podem revelar-se esfinges do tempo moderno, reflexos das sociedades eleitorais do século XXI, e até motivos de
descompressão social.
Como sabes, a albarda é símbolo bárbaro para nós, sem tradição, ao contrário das candeias que iluminaram as ruelas seculares da velha urbe penafidelense.
Mas o que é certo, é que da fama já ninguém nos livra.
Sugeria, por exemplo, que em cada rotunda fosse colocada uma albarda, ou em cada mamarracho uma fotografia do sultan Albertus - afinal o homem chegou à celestial condição de líder penafidelense pelo voto popular.
Depois de institucionalizada a ideia, e depois de aprovada pela maioria da Assembleia Municipal local, seria a vez da proeminente Profidelis instituir roteiros de contemplação a tais monumentos, divindo os romeiros pelos grupos etários conhecidos: jovens impúberes e velhinhos d'aldeia, sendo certo que cada grupo teria um guia brasileiro, que sempre "explica melhô o finómino pós-mudernista da atualidade fatual"

Meu caro Tito: Por que motivo o cidadão penafidelense não traz estampado na lapela do casaco uma albarda em miniatura? Afinal, não é ele o fiel depositário dos votos que elegem os amantes das rotundas e dos mamarrachos à suprema divindade de eleitos do povo?
Por mim, dispenso o broche (espécie de fivela de metal ou de pedraria, provida de alfinete, que as mulheres usam como jóia, para prender peças de vestuário; espécie de colchete com que se fecham livros ou pastas; colchetes para guarnecer cintos) - mas também não é motivo para deixar Milhundos e emigrar para o Inferno. Concordas?

José Vinha


Meu caro José Vinha
Se a Albarda não habita as lapelas luzidias dos teus patrícios, meus também por simpatia e osmose, já os óculos de Penafiel vão, aqui e acolá, orientando a visão para essa explosiva cultura do foguetório.
Enquanto os olhos se fixam nas alturas vendo explosões e lágrimas multi-coloridas, não reparam numa cultura mamarrachista de monumentos ao autarca, com cadeiras gigantes ou montes de pedras cujo simbolismo futuro não será o de uma qualquer coesão municipal, mas sim de um mau gosto atroz e deprimente.