quinta-feira, março 31, 2005

com uma pontinha de orgulho

este é o programa do ciclo literário "Entre Pedras, Palavras". tendo em conta os contornos da iniciativa, é com uma pontinha de orgulho que exibo o programa:

9 de Abril - Bruno Santos 15h
16 de Abril - José Rodrigues dos Santos 21.30h
23 de Abril - Mário Augusto 15h
30 de Abril - Artur Portela 15h
30 de Abril - Jorge Palma
7 de Maio - Manuel Jorge Marmelo e Ana Paula Tavares 15h
14 de Maio – Miguel Miranda 15 h
20 de Maio – Rui Costa (Prémio Daniel Faria) 15h
21 de Maio – Ondjaki 15h
28 de Maio – Possidónio Cachapa15 h (sujeito a confirmação)
11 de Junho – Rui Zink 15h

e vão três

a apresentação está feita.

"Chegamos à terceira edição do ciclo literário “Entre Pedras, Palavras”, este ano unimos as artes em torno das palavras. Convocamos as imagens e a música para novas conversas sobre literatura e livros.
Mudamos de casa. Com o colégio do Carmo em metamorfose, passamos a habitar a Biblioteca Municipal, onde nos recebem com o calor do amor aos livros.
Permanecemos no coração da cidade, voltados para o jardim de olhos abertos para o Vale.
Regressamos à poesia, através da primeira obra de Rui Cista, vencedor da primeira edição do Prémio Daniel Faria.
Com uma voz segura diz que gostaria que “a poesia servisse para criar canais por onde circulem e se aproximem as coisas e a gente do mundo” e espera “que as pessoas se reúnam ao redor de um livro e se dêem a conhecer”.
Este é o espírito de um ciclo onde, durante mais de dois meses, reuniremos amigos, livros, pianos, guitarras e uma lanterna mágica."

a que título?

e o inusitado aconteceu. chegamos finalmente ao Brasil. na página de internet da Casa da Música, no Porto, há uma secção destinada a quem deseja comprar bilhetes, para os concertos, online.
Para isso é necessário preencher uma ficha de identificação, com dados comuns a tantas outras. Mas nesta o inusitado aconteceu, entre dados de preenchimento obrigatório e facultativo, há um extraordinário.
O título, se o facto de esse espaço existir já provoca urticária, mais ainda o provoca pelo facto de ser o primeiro da lista. Mas na Casa da Música fora mais longe, além de primeiro é de preenchimento obrigatório.
Assim antes mesmo de nos identificarmos, a Casa da Música quer saber se somos Sr. ou Srª, Dr. ou Dr.ª, Eng. ou Eng.ª, Arqt. ou Arqt.ª, Prof. ou Prof.ª. Assim vamos fantasiados ao som desta triste música lusitana.

um perfil incrível

para todos os meus detractores, que afirmam que jamais terei perfil de super-herói:

sacode as nuvens

"Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar.
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.

Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar."

Sophia de Mello Breyner Andresen, "Coral", Caminho, 2003

terça-feira, março 29, 2005

condenado, o dissoluto

sobre o último de José Saramago "Don Giovanni ou o Dissoluto Absolvido":

"Sua ambição é purgar o moralismo da morte de Don Juan. O problema é que essa revisão do mito literário ficou a meio caminho. Don Juan ainda é castigado por sua vaidade, mas, como bom comunista, Saramago dispensou o aparato infernal e a moral religiosa imaginados por (Tirso de) Molina. Don Giovanni foi escrito para servir de argumento a uma ópera do compositor Azio Corghi. Ou seja, antes de ser um texto teatral, é um pretexto para a música - o que explica os trechos ridículos em que alguns personagens falam em coro. A praia de Saramago é mesmo o romance"

in Veja

provocação em verso

"Se o remédio para a aids for descoberto
nos Estados Unidos, decerto
muita gente, em mais um de seus giros,
vai tomar o partido do vírus."

Nelson Ascher, "Parte Alguma", Companhia das Letras, 2005

segunda-feira, março 28, 2005

acende os olhos



dizes que os teus olhos te desfocam a realidade, que vêem o mundo de uma forma baça e diluída. dizes porque não sabes que o destino deles é outro. os teus olhos são luzes de farol. os teus olhos não foram feitos para divisar a linha do horizonte. as luzes com que te guias, nasceram para desenhar fios de luz aos quais nos agarramos e com os quais nos salvas do naufrágio.
nasceste para viver lá no alto e onde quer que estejas será sempre para ti que olharemos.
és um eixo de luz e os teus braços luminosos abrem-se em redor para nos sentirmos a salvo.
o que dizes ser uma névoa pousada nos olhos, não é mais do que uma benesse. vês o mundo como uma enorme aguarela.
a sustentar-te há um enorme rochedo. um rigoroso colosso. a tua base é de pedra quente, aquela que acumula o calor do sol que vos doura. é essa base que desfaz os perigos que te rondam a tua frágil figura.
é assim que resistes aos fortes ventos que te batem, já que apagar-te é impossível.
continuaremos fascinados com a facilidade com que nos iluminas e unes, mas nunca nos esqueceremos que essa luz, que vive tão perto do céu, tem raízes de pedra presas ao chão.

recapitulando

a reunião para angariar ideias para o Vale do Sousa Digital, teve o sabor esperado. éramos quase uma dúzia. metade não sabia porque lá tinha ido, a outra metade pensou que tinha ido para uma coisa e descobriu que estava noutra.
pedia-se que se vertessem ideias para trabalhar no futuro. ora cá está uma frase que conjuga três conceitos avessos ao público em questão (jornalistas e directores de órgãos de comunicação social locais), ideias, trabalho e futuro.
o Vale do Sousa Digital quer criar conteúdos e uma comunidade urbana na net, vibrante e participada, animada pelo investimento privado.
do outro lado há quem queira dinheiro para sustentar os seus projectos de "comunicação" e quanto muito um site de borla.
há ainda quem queira uma televisão regional. vai ser criada uma equipa de trabalho, uma forma muito lusa de não avançar nada e ficar de consciência tranquila e não desanimar as hostes que conseguiram dar uma ideia.
o brutal investimento exigido, para criar uma televisão regional difundida na net, é um absurdo numa região que ao fim de tantos anos ainda não tem um jornal de referência.
estão marcados mais encontros e desenvolvimentos. os projectos, que por aqui se vão desenhando, serão apresentados dentro de pouco tempo.

costa da morte

cheguei de lá, mas isso os meus amigos estão fartos de saber.

quarta-feira, março 23, 2005

www.vale-do-sousa.nada

"Dada a importância dos órgãos de Comunicação Social da Região, e o papel que estes assumem na construção da cidadania e na participação na Sociedade da Informação e do Conhecimento, vimos pelo presente convidar V. Exas. para participar num Workshop...

Esta reunião de trabalho tem por objectivo auscultar os jornalistas de forma a identificar as suas principais solicitações e necessidades, de modo a ser possível, no final, elencar um conjunto de funcionalidades/serviços que seriam úteis, quer para a população quer para a comunicação social, para serem contempladas e implementadas no âmbito do projecto Vale do Sousa Digital."


O convite chegou há minutos e ainda estudo a possibilidade de participar neste "workshop", mas é curioso o enunciado que é feito para atrair a turba.
Começa logo por afirmar a importância dos órgãos de comunicação social locais ou regionais, que está longe de estar provada, assim como é duvidoso que, com o nível que evidenciam, consigam construir alguma coisa, quanto mais cidadania.
Mais à frente é sugerido que o encontro sirva para ouvir os jornalistas locais sobre os caminhos a trilhar no universo da internet e da região digital.
Tirando raríssimas excepções, há algum órgão de comunicação social local que se preocupe com a produção de conteúdos de internet?? E quantos deles pensam efectivamente no espaço Vale do Sousa como uma unidade??
Tirando meia dúzia de lugares comuns, haverá no "mundo da comunicação social local" algum pensamento minimamente interessante sobre o assunto. Até ao momento não vi. Por isso este convite está ainda numa profunda indecisão.

a viagem começou

"Gabriela ia andando, aquela canção ela cantara em menina. Parou a escutar, a ver a roda rodar. Antes da morte do pai e da mãe, antes de ir para a casa dos tios. Que beleza os pés pequeninos no chão a dançar! Seus pés reclamavam, queriam dançar. Resistir não podia, brinquedo de roda adorava brincar. Arrancou os sapatos, largou na calçada, correu pros meninos. De um lado Tuísca, de outro lado Rosinha. Rodando na praça, a cantar e a dançar."

Jorge Amado, in "Gabriela Cravo e Canela"

um dia de férias



amarrem-me a este pelourinho, junto à Bahia de todos os santos

o opaco terminal

"Há, no Governo, algumas figuras inegavelmente competentes, com prestígio político e provas técnicas dadas. Resta saber se há vontade política de que possam tirar o necessário rendimento dessas qualificações. E falta saber quais são os ovos com que o Governo conta, mas se encontram ainda, nebulosa e problematicamente, no opaco terminal da galinha."

Vasco Graça Moura in Diário de Notícias

segunda-feira, março 21, 2005

podem as noites ser azuis?

esta é uma noite de azul intenso, azul coração, azul esperança...



Azul I
Joan Miró 1893-1983
Óleo sobre tela, 1961

o dia da poesia III

A vaga

"Como toiro arremete
Mas sacode a crina
Como cavalgada

Seu próprio cavalo
Como cavaleiro
Força e chicoteia
Porém é mulher
Deitada na areia
Ou é bailarina
Que sem pés passeia"

Sophia de Mello Breyner Andressen, "Livro Sexto", Caminho 1962

nem as águas permanecem livres

a terra que eu roubei tem rios encanados. a cidade que eu furtei encarcera as águas e transforma os rios em carreiros. a cidade, que se me revela diariamente, domestica a natureza em parques. não frequento parques onde há uma liberdade fluvial açaimada. bem aventurados os pobres de espírito que acreditam em rios assim...

o dia da poesia II

Explicação Do Poeta

"Explicação Do Poeta
Pousa devagar a enxada sobre o ombro
Já cavou muito silêncio

Como punhal brilha em suas costas
A lâmina contra o cansaço"

Daniel Faria
de Explicação das Árvores e de Outros Animais
1998

em nome do Daniel

hoje, quando o dia estiver mais escuro ainda, ouviremos o Rui Costa falar da sua "Nuvem prateada das pessoas graves".
na biblioteca municipal de Penafiel veremos nascer um poeta e um livro, pela mão do Daniel, em nome do Daniel.

o dia da poesia I

Teu corpo claro e perfeito,

"Teu corpo de maravilha,
Quero possuí-lo no leito
Estreito da redondilha...

Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa... flor de laranjeira...

Teu corpo, branco e macio,
É como um véu de noivado...

Teu corpo é pomo doirado...

Rosal queimado do estio,
Desfalecido em perfume...

Teu corpo é a brasa do lume...

Teu corpo é chama e flameja
Como à tarde os horizontes...

É puro como nas fontes
A água clara que serpeja,
Quem em antigas se derrama...

Volúpia da água e da chama...

A todo o momento o vejo...
Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu desejo...

Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa, flor de laranjeira..."

Manuel Bandeira

sexta-feira, março 18, 2005

casmurrice

a mesma professora Cristina garante, num anúncio no Jornal de Notícias, que consegue, para os leitores do JN, trazer a pessoa amada de volta em apenas 7 dias.
será caso para pensar que os leitores do jornal do Vale do Sousa são muito casmurros e de ideias fixas.

a (e) vidência

"Não desanimes... tudo isso pode ser um mal espiritual. Há momentos que teu anjo da guarda não te protege, é nessa hora que necessitas de ajuda e protecção. A professora Cristina através de Tarot e vidência, com seus trabalhos de magia branca te livrará de todas as angústias. Trabalhos feitos na sua presença garantidos, resultados rápidos, sigilo. Desfaz qualquer tipo de bruxaria. Especialista em casos de amor, traz a pessoa amada de volta em 21 dias..."

hoje quem comprar um dos jornais do Vale do Sousa pode ler este naco de prosa reconfortante, na primeira página.
são sinais dos tempos. manda a crise que não se possam limpar armas e escolher, com critério, o que publicitar na primeira página. num período em que quase todos os jornais locais estão com a corda na garganta, há que manter um mínimo de critério e decência. se em vez de publicitar a douta professora, porque não apelam à magia branca para fazer regressar os patrocinadores amados, em 21 dias.
já agora alguém me sabe explicar o porquê dos 21 dias. são as pessoas amadas tão difíceis de convencer. e se estão tão relutantes, será que merecem ser amadas a qualquer preço?
na mesma 1ª página, há um título que garante que João Abreu está "com o futuro incerto ".... caramba e ninguém lhe dá o nº de telemóvel da professora Cristina.

a gente vai continuar

"Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo"

Jorge Palma

amanhã fá-lo-às por mim, como sempre, muito melhor do que eu, que não tiro a mão do queixo.

quinta-feira, março 17, 2005

neologismos

"Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora."

Manuel Bandeira, in Belo Belo

o furto

a semana passada um jornal local desmascarou-me. com a ingenuidade das grandes descobertas, chamou-me penafidelense. é verdade, eu roubei uma cidade. nunca a habitei, contudo é minha. dizem que é pertença, apenas, daqueles que nela nasceram e a habitam com a desmedida paixão.
hoje ela é minha, tanto como é vossa.
é nela que recebo os amigos. é por ela que espreito a linha do horizonte. a cidade que roubei é muito mais bonita vista pelos olhos das pessoas que amamos. há como que uma revelação.
de quando em vez olho para o cativeiro a que a votei. admiro-a e volto a guardá-la no coração.

quarta-feira, março 16, 2005

é oficial, já há vencedor

PRÉMIO DANIEL FARIA PARA RUI COSTA
O júri do Prémio Daniel Faria, composto por Jorge Reis-Sá, Luís Adriano Carlos, Tito Couto e Vera Vouga, atribuiu a Rui Costa, com o original "A Nuvem Prateada das Pessoas Graves", o primeiro lugar na primeira edição do concurso salientando a qualidade de composição da obra.
O prémio será entregue no próximo dia 21 de Março, dia mundial da poesia, em Penafiel numa cerimónia com a presença do autor.
O livro será editado pelas Quasi Edições durante o mês de Maio. Segundo protocolo já assinado entre as Quasi Edições, a Câmara Municipal de Penafiel e os herdeiros de Daniel Faria está desde já assegurada por mais nove anos a atribuição anual do prémio.

em França, como cá...

"Antoine, o herói do livro, levou ao pé da letra a pose inconformista do intelectual francês. Não consegue enquadrar-se em nada. Cansado dessa existência miserável, conclui que a inteligência é uma doença que só traz sofrimento. E decide ficar burro.
Antoine só não é francês em um detalhe: não bebe vinho. Tenta se imbecilizar enchendo a cara, mas descobre que tem uma intolerância orgânica ao álcool. Procura então um médico para remover a inteligência de seu cérebro, mais ou menos como os curandeiros medievais extraiam a "pedra da loucura". O bom doutor lhe dá uma solução mais delicada: um antidepressivo. Munido dessa arma química, Antoine vai anular seu espírito crítico para se integrar a uma grande corporação. Page diz que seu herói foi concebido como um típico estudante fracês de esquerda."

in Veja 16-03, Jerônimo Teixeira sobre o lançamento do livro "Como me tornei estúpido", de Martin Page

segunda-feira, março 14, 2005

a mesma foice, o mesmo tempo

Shakespeare ou um soneto a óleo


Pieter Bruegel the Elder, "The Harvesters", 1565, Metropolitan Museum of Art - New York

"12" ou o meio-dia da vida

"Quando a hora dobra em triste e tardo toque
E em noite horrenda vejo escoar-se o dia
Quando vejo esvair-se a violeta, ou que
a prata a preta têmpora assedia

Quando vejo sem folha o tronco antigo
Que ao rebanho estendia a sombra franca
E em feixe atado agora o verde trigo
seguir o carro, a barba hirsuta e branca;

Sobre tua beleza então questiono
Que há de sofrer do Tempo a dura prova,
Pois as graças do mundo em abandono

Morrem ao ver nascendo a graça nova.
Contra a foice do Tempo é vão combate,
Salvo a prole, que o enfrenta se te abate."

William Shakespeare, soneto 12º

a vingança

"É sintomático que os países que mais investiram na América Latina, nos últimos anos, sejam Espanha e Portugal. Não o fazem por esperteza, mas porque chegaram tarde ao capitalismo e encontraram ocupados todos os mercados mais rentáveis, restando-lhes apenas o nosso quintal. Não sei se é um consolo para Eduardo Galeano, o sub-comandante Marcos e outros valorosos inimigos latino-americanos da globalização, mas a minha suspeita é que Espanha e Portugal vão entrar pelo cano, perdendo seus investimentos por aqui. É a nossa vingança contra séculos e séculos de espoliação colonial: vamos afundá-los junto conosco."

Diogo Mainardi, "A tapas e pontapés", Record, 2004

sexta-feira, março 11, 2005

new new wave



chamam-se "the bravery" e são uma espécie de cruzamento entre os "Duran Duran" e os "Strokes". há quem acredite numa recuperação da new wave.
são de Nova York, e por lá são a nova "next-big-thing". por aqui são engraçados e com um balanço muito bom.
nota-se que ouviram bons discos e ao vivo o som deve ser bem mais poderoso. esta primavera começa a promoção do primeiro album. ficamos à espera.

em breve

dentro de pouco tempo será apresentado o programa da terceira ediçaõ do ciclo literário "Entre Pedras, Palavras".
Este ano terá casa nova, uma vez que o futuro museu entrou, finalmente, em obras.
Entre Abril e Maio, teremos uma dúzia de conversas em redor dos livros. já falta pouco.

do lado de lá

esta noite chegam pedaços de Brasil esperados há muito. são livros e dvd's com motivações diferentes, como se percebe ao olhar para eles.

os livros



A primeira escolha é uma tentativa de compensação. À falta de uma opinião forte e agressiva em Portugal, talvez com a excepção de Vasco Pulido Valente, não há nada que chegue aos pés do infame Diogo Mainardi. "A Tapas e Pontapés" é uma colecção do que de melhor Mainardi foi escrevendo, semana após semana, na Veja.
"Por um fio" é mais uma incursão na prosa do médico Drauzio Varella, depois da "Estação Carandiru", onde retratou a vivência naquela que foi a maior prisão da América Latina, Drauzio relata, agora, experiências de quem tem a vida por um fio e os dias contados. A preparação para a morte por quem se cruzou com o cancro.
Por fim, mais um romance de Luis Fernando Veríssimo, "O opositor". Para quem se tornou fã da ligeireza das crónicas de Veríssimo, nada como um pequenino romance de vez em quando. É certo que o romance nasce de uma encomenda, cinco escritores convidados a escrever sobre um dos dedos da mão. O opositor nada mais é do que o polegar.

os dvd's



Aqui as escolhas foram meramente lúdicas. "A Comédia da Vida Privada" é um exercício televisivo a partir das crónicas de Luis Fernando Veríssimo. "Os normais", são um retrato bem colorido da vida de um casal modernaço, contado por Fernanda Young. Por fim "O homem que copiava", um filme simples, mas muito interessante. Mais uma prova da vitalidade do cinema brasileiro.

quinta-feira, março 10, 2005

os homens duplicados


Daniel Auteuil, "O Adversário", 2002


Michael Caine, "Alfie", 1965

Há um dia, na vida de certos homens, em que esta se revela. Nesse raro instante, extinguem-se simultaneamente o homem e a vida.

O Vale do Sousa no Orkut

"Uma das maravilhas da internet está precisamente na capacidade de aproximar as pessoas. Exemplo dessa vontade de aproximação é o Orkut, uma comunidade mundial que liga pessoas de vários pontos do globo.
Esta comunidade dá acesso à criação de fóruns de debate, todos os temas são conversáveis em português, inglês, francês etc...
Desde esses mesmo em que está a pensar, até à música, cinema, literatura, tudo o que possa imaginar tem um fórum de debate: Lobo Antunes, Coca-cola, o Rato Mickey, política internacional ou macroeconomia.
Somente três concelhos do Vale do Sousa têm um fórum: Penafiel, Lousada e Felgueiras.
O fórum de Penafiel tem 36 participantes, sobretudo brasileiros, que falam sobre Rio de Moinhos, Peroselo ou sobre a família que desejam encontrar. “Sei que minha família é de Penafiel, meu avô que faleceu antes de eu nascer era desta cidade, e meu pai chegou a morar por 1 ano quando pequeno com meus tios. Nasci no Rio de Janeiro, quem sabe encontro familiares por aqui?”, adianta Marcelo na esperança de encontrar a família. O mesmo acontece com Rodrigo, “estive em Penafiel e adorei a cidade e dizem que minha familia tem origem dessa cidade. Queria saber se alguem pertence a familia Pinto Coelho. Estou planejando em ir a Portugal novamente e adoraria conhecer meus familiares lusitanos”.
Na comunidade de Lousada (13 membros) a perplexidade é outra. Há muitos brasileiros a tentar perceber porque é que se chamam Lousada. Há no entanto quem garanta que já ouviu falar numa “cidade” portuguesa com esse nome e quem dê explicações geograficamente correctas sobre o concelho.
Temos ainda a comunidade de Felgueiras (26 membros) onde o Heitor, de 18 anos e a viver em S. paulo, tenta saber mais sobre a terra natal da sua avó. Mas este é só um dos vários apelos que se podem encontrar.
Menos interessante é a comunidade que fala sobre o FC Penafiel, pouco actualizada e participada, ainda assim é o único clube da região presente.
O Orkut tem um problema, só poderá participar nestes fóruns e comunidades se for convidado por um dos seus membros. Não há como sondar os amigos e esperar esse convite."

In Fórum do Vale do Sousa

"47"

"Como no verso antigo, sou feliz
por «esta sorte imensa, conhecer-te»
e já me tarda a luz onde procuro
outro mais puro modo de dizer-te.
Aos poucos vou fazendo maus poemas
com a rima calada dos sentidos,
até me descobrir a toda a gente
como um vulgar espelho transparente.
Já me esquecia, por uma qualquer
dor distraída que no corpo tinha,
de desenhar a melodia; mas
quando em ti penso sou seguro e claro;
gira a terra sem melancolia,
aceito tudo como o tempo o quis."

António Franco Alexandre, "Duende", Assírio & Alvim, Lisboa 2002

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